quarta-feira, maio 22, 2013

Reflexão

Nossas cruzes

                                                  Emmanuel e Chico Xavier.

                                                    Do Livro da Esperança 

 

“... Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.” Jesus - Marcos, 8: 34.

“Rejubilai-vos, diz Jesus, quando os homens vos odiarem e perseguirem por minha causa, visto que sereis recompensados no Céu. Podem traduzir-se assim estas verdades: - Considerai-vos ditosos, quando haja homens que, pela sua má vontade para convosco, vos dêem ocasião de provar a sinceridade da vossa fé, porquanto o mal que vos façam redundará em proveito vosso. Lamentai-lhes a cegueira, porém, não os maldigais.” Cap. 24, item 19, de “O Evangelho segundo o Espiritismo”

Julgávamos, antigamente, que nossas cruzes, as que devemos carregar, ao encontro do Senhor, se constituíam, unicamente daquelas dos exercícios louváveis mas incompletos da piedade religiosa.

E perdemos, em parte, muitas reencarnações, hipnotizados por sentimentalismo enfermiço, ilhando-nos, sem perceber, nas miragens da própria imaginação para esbarrar, em seguida, com os pesadelos do tempo largado inútil.

Com a Doutrina Espírita, que nos revela o significado real das palavras do Cristo, aprendemos hoje que não bastam fugas e omissões do campo de luta a fim de alcançarmos a meta sublime.

Assevera Jesus que se nos dispomos a encontrá-lo, é preciso renunciar a nós mesmos e tomar nossa cruz.

Essa renúncia, porém, não será semelhante à fonte seca.

É necessário que ela demonstre rendimento de valores espirituais, em nosso favor e a benefício daqueles que nos cercam, ensinando-nos o desapego ao bem próprio pelo bem de todos.

À face disso, nossas cruzes incluem todas as realidades que o mundo nos oferece, dentro das quais somos convocados a esquecer-nos na construção da felicidade geral.

Os fardos que nos cabem transportar, a fim de que venhamos a merecer o convívio do Mestre, bastas vezes contêm as dores das grandes separações; as farpas do desencanto; as provações em família; os sacrifícios mudos, em que os entes amados nos pedem largos períodos de aflição; os desastres do plano físico que nos cortam a alma; o abandono daqueles mesmos que nos baseavam todas as esperanças; o cativeiro a compromissos pela sustentação da harmonia comum; as tarefas difíceis, em cuja execução, quase sempre, somos constrangidos a marchar, aguardando debalde o concurso alheio.

Não nos enganemos.

O próprio Cristo transportou o madeiro que a nossa ignorância lhe atribuiu, palmilhando senda marginada de exigências, injúrias, pancadas e deserções.

Ninguém abraça o roteiro do Evangelho para estirar-se em redes de fantasia.

O cristão é chamado a melhorar e elevar o nível da vida e para quem efetivamente vive em Cristo, a vida é um caminho pavimentado de esperança e trabalho, alegria e consolo, mas plenamente aberto às surpresas e ensinamentos da verdade, sem qualquer ilusão.