terça-feira, dezembro 06, 2011

FEEB - 96 ANOS DE FUNDAÇÃO

Amigos e irmãos

Comunicamos aos companheiros que no dia 25 de dezembro de 2011, a Federação Espírita do Estado da Bahia completará 96 anos de fundação.
As atividades comemorativas acontecerão nesse dia, no Centro de Convenções da Bahia, à partir das 09:30h.
Agende-se e se puder, participe.

Paz
SEC FEEB

O NATAL DE CHICO XAVIER NA PENITENCIÁRIA

Por vários anos, Chico em companhia de alguns companheiros do Grupo Espírita da Prece, de Uberaba, e de irmãos de Goiânia (à frente o casal Prof. Múcio e Dona Elba M. Álvares), sempre levou verdadeiro presente de Natal aos internos - cerca de oitocentos - da Colônia Santa Marta e Vila São João, nas proximidades de Goiânia, reduto de sofrimento e carência, que recebe inavaliável assistência três vezes por semana, ano todo, das equipes do Centro Espírita Allan Kardec, dirigido pelo referido casal que realiza enorme trabalho assistencial nas periferias daquela capital.
Eram nove horas e meia do dia dezoito de dezembro de 1984, quando Chico e a caravana citada chegaram à Colônia. Multidão imensa mistura-se aos doentes; caravanas de irmãos hansenianos de Anápolis e da região. Repórteres de jornais, rádios e tvs já estavam a postos.
Chico, por entre a multidão, começa a visita, abraçando e beijando enfermos diversos que se colocaram na vanguarda para recepção, à entrada do pavilhão principal.
E aí tem início a mais singular jornada de luz e amor que nos foi dado, por irresgatável bênção, presenciar. Toca-se o ambiente, a cada passo, de sublimadas vibrações que nos alcançam a todos, com envolvente e suave sensação da presença de alcandorados espíritos. Pela alegria, pelo brilho dos olhos de cada um dos doentes e a emoção que nos assalta a todos, pudemos avaliar o que sentiam os pobres e sofredores, os perseguidos e humilhados, quando da presença do Cristo na Terra: todos procuravam o melhor lugar para ver, tocar e sentir aquilo que emanava da presença do Divino Amigo. É como se Jesus estivesse agora também presente antecedendo o Natal que todos esperavam!
São centenas e centenas de enfermos, criaturas assinaladas pelas mais variadas formas de lesões, deformações, mutilações e cicatrizes pelo corpo.
Por entre júbilos e emoções, coração a coração, Chico dá o sorriso e o aperto de mão, o abraço e o beijo, e para cada um - parecendo que Chico conhece pessoalmente um por um - a palavra de consolo, orientação, indicação de remédio (sempre que solicitado), além da importância em dinheiro que deu a todos. Exclamações tocantes e espontâneas são ouvidas, como: Chico, a sua presença nos dá força para viver, ao que Chico retruca sempre: eu é que vim buscar forças e repete para os acompanhantes: todo ano, eu tenho que vir aqui me reabastecer; recebo, através da esperança e da conformação, da fé e das vibrações de amor que aqui me transmitem, o reforço para prosseguir na luta. E ainda: Chico, Deus lhe pague o amor que nos dá!
Dona Maria Eunice nos conta que da vez anterior (1983), houve também esta comovente declaração: Chico, graças a Deus que eu sou leproso e assim estou aqui - diz um enfermo de braços cruzados sobre o peito - recebendo este abraço e ajuda de amor de seu coração.
Certa doente, não conseguindo vencer a multidão, permanece a alguma distância do Chico. Mais tarde, este se lembra dela e confidencia para Dona Elba que sentiu o coração da enferma em vibração e deixa com a Dona Elba uma lembrança para aquela senhora.
Chico prossegue percorrendo enfermarias e pavilhões e ouve, num deles, as palavras de otimismo e de esperança e as canções cantadas, com muita vida, sentimento e arte, pelo interno Nelson Pereira, criatura (embora destituída da visão física dos dois olhos, e de uma perna, além da enfermidade) das mais populares na Colônia, por suas efusivas manifestações de alegria e entusiasmo, confiança e aceitação, a todos os que o visitam.
Agora, caminhando para o encerramento, já perto das três da tarde, demandamos para o centro Espírita Jésus Gonçalves, na Vila São, próxima de Goiânia, onde novas emoções e júbilos marcam a visita.
No recinto do Centro, momentos antes da chegada do Chico, muita expectativa e emoção. Chico, ao entrar no Centro, é tocado por nova surpresa: um coral de cerca de vinte crianças, filhos dos enfermos da Colônia, canta "Noite de Paz"; emoções e lágrimas são notadas em todos os semblantes, durante a tocante manifestação. A dirigente do Centro faz, com palavras nascidas do fundo da alma, comovente recepção a todos. A seguir, é solicitada a prece inicial a cargo de Dona Maria Eunice; a leitura evangélica "Amar ao próximo como a si mesmo" à irmã Elba; e o comentário à companheira Ondina. Chico psicografou do querido benfeitor Emmanuel a linda página "Recado de Natal". Sentida prece do confrade Cássio Ramos encerra a reunião e Chico lê a instrutiva e oportuna mensagem. Mais algumas palavras da direção do Centro que Chico, visivelmente contente e emocionado agradece, salientando o amor e o carinho ali mais uma vez recebidos, reafirmando, como sempre, que obtém forças para seu trabalho, através da lição de fé e conformação, esperança e coragem recolhidas ali de todos os corações.
Sob as mais vivas efusões de júbilo e gratidão aos céus pelas bênçãos inesquecíveis de tão edificante encontro de luz, todos se retiram, retornando Chico e os companheiros para a chácara do Prof. Múcio e Elba, onde a todos é servido o lanche e a conversação continuou oferecendo também o alimento espiritual colhido na palavra sempre edificante e esclarecedora de nosso querido médium.

Dezembro/1984

A IMPRESSIONABILIDADE

"Além do que podemos imaginar, influem os Espíritos em nossos
pensamentos e atos, a tal ponto que, de ordinário, são eles que nos
dirigem" - "O LIVRO DOS ESPÍRITOS" - q. 459

Segundo ensinamento de Allan Kardec[1], em questão de mediunidade, “(...) a impressionabilidade é a faculdade rudimentar indispensável ao desenvolvimento de todas as outras.

Todos os médiuns são necessariamente impressionáveis, sendo assim a impressionabilidade mais uma qualidade geral do que propriamente especial...

Difere da impressionabilidade puramente física e nervosa, com a qual é preciso não seja confundida, porquanto, pessoas há que não têm nervos delicados e que sentem mais ou menos o efeito da presença dos Espíritos, do mesmo modo que outras – absolutamente – não os pressentem.

Essa faculdade se desenvolve pelo hábito e pode adquirir tal sutileza, que aquele que a possui reconhece, pela impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do Espírito que lhe está ao lado, mas até a sua individualidade, como o cego reconhece, por um certo não sei quê, a aproximação de tal ou qual pessoa.

Assim, são chamados “médiuns sensitivos” ou “impressionáveis” às pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga, por uma espécie de leve roçadura sobre todos os seus membros, sensação que elas não podem explicar”.

A influência dos Espíritos é tão ostensiva que não existe nenhum lugar ou situação onde possamos nos subtrair à essa influenciação. O que podemos fazer, isto sim, é “selecionar” a qualidade dos Espíritos que nos influenciam. Aí entra a questão moral, vez que os Espíritos se aproximam por questão de afinidade e sintonia.

Entanto, Kardec também explica[2] não guardar relação o desenvolvimento da mediunidade com o desenvolvimento moral do médium, vez que a faculdade mediúnica se radica no organismo físico, independendo pois, do moral. Mas o mesmo não se dá com o seu uso, que pode ser bom ou mau, conforme as qualidades do médium.

Kardec oferece alguns exemplos[3] de influência ostensiva dos Espíritos, onde a impressionabilidade pôde ser insofismavelmente demonstrada. Diz ele:

“Assistimos uma noite à representação da ópera Oberon, em companhia de um médium vidente muito bom. Havia na sala grande número de lugares vazios, muitos dos quais, no entanto, estavam ocupados por Espíritos, que pareciam interessar-se pelo espetáculo. Alguns se colocavam junto de certos espectadores, como que a lhes escutar a conversação. Cena diversa se desenrolava no palco: por detrás dos atores muitos Espíritos, de humor jovial, se divertiam em arremedá-los, imitando-lhes os gestos de modo grotesco; outros, mais sérios, pareciam inspirar os cantores e fazer esforços por lhes dar energia. Um deles se conservava sempre junto de uma das principais cantoras.

Julgando-o animado de intenções um tanto levianas e tendo-o evocado após a terminação do ato, ele acudiu ao nosso chamado e nos reprochou, com severidade, o temerário juízo: “Não sou o que julgas, disse; sou o seu guia e seu Espírito protetor; sou encarregado de dirigi-la.” Depois de alguns minutos de uma palestra muito séria, deixou-nos, dizendo: “Adeus; ela está em seu camarim; é preciso que vá vigiá-la.”

Em seguida, evocamos o Espírito Weber, autor da ópera, e lhe perguntamos o que pensava da execução da sua obra. “Não de todo má; porém, frouxa; os atores cantam, eis tudo. Não há inspiração. Espera, acrescentou, vou tentar dar-lhes um pouco do fogo sagrado.” Foi visto, daí a nada, no palco, pairando acima dos atores. Partindo dele, um como eflúvio se derramava sobre os intérpretes. Houve, então, nestes, visível recrudescência de energia.

Outro fato que prova a influência que os Espíritos exercem sobre os homens, à revelia destes: Assistíamos, como nessa noite, a uma representação teatral, com outro médium vidente. Travando conversação com um Espírito espectador, disse-nos ele: “Vês aquelas duas damas sós, naquele camarote da primeira ordem? Pois bem, estou esforçando-me por fazer que deixem a sala.” Dizendo isso, o médium o viu ir colocar-se no camarote em questão e falar às duas. De súbito, estas, que se mostravam muito atentas ao espetáculo, se entreolharam, parecendo consultar-se mutuamente.

É assim que muitas vezes fomos testemunha do papel que os Espíritos desempenham entre os vivos. Observamo-los em diversos lugares de reunião, em bailes, concertos, sermões, funerais, casamentos, etc., e por toda parte os encontramos atiçando paixões más, soprando discórdias, provocando rixas e rejubilando-se com suas proezas”.

Destacamos cinco condições para evitarmos as más companhias espirituais:

1 - Colocarmo-nos sempre com fé sincera, sob a proteção de Deus e solicitar a assistência de nosso Espírito Protetor;

2 - Aplicarmo-nos ao estudo perseverante das questões que envolvem o intercâmbio entre os dois planos da Vida: o Espiritual e o carnal;

3 - Evangelizarmo-nos;

4 - Passar no crivo da razão tudo que provenha dos Espíritos, inclusive do Mentor da Casa que freqüentamos. Os Espíritos Superiores não se incomodam com nossos zelos, enquanto que os inferiores se irritam de imediato.

5 - Fechar as portas abertas ao acesso dos maus Espíritos pelas imperfeições morais que porventura ainda oneram nossa economia espiritual.

Assim procedendo, não há como cair voluntária ou involuntariamente na dependência dos maus Espíritos que pululam à nossa volta, e não teremos o que temer de nossa impressionabilidade.


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[1] - KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 71.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, 2ª parte, cap. XIV, item 161.

[2] - Idem, ibidem, cap. XX, item 226, § 81º.

[3] - Idem, ibidem, cap. XIV, itens 169 e 170.