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Eram nove horas e meia do dia dezoito de dezembro de 1984, quando Chico e a caravana citada chegaram à Colônia. Multidão imensa mistura-se aos doentes; caravanas de irmãos hansenianos de Anápolis e da região. Repórteres de jornais, rádios e tvs já estavam a postos.
Chico, por entre a multidão, começa a visita, abraçando e beijando enfermos diversos que se colocaram na vanguarda para recepção, à entrada do pavilhão principal.
E aí tem início a mais singular jornada de luz e amor que nos foi dado, por irresgatável bênção, presenciar. Toca-se o ambiente, a cada passo, de sublimadas vibrações que nos alcançam a todos, com envolvente e suave sensação da presença de alcandorados espíritos. Pela alegria, pelo brilho dos olhos de cada um dos doentes e a emoção que nos assalta a todos, pudemos avaliar o que sentiam os pobres e sofredores, os perseguidos e humilhados, quando da presença do Cristo na Terra: todos procuravam o melhor lugar para ver, tocar e sentir aquilo que emanava da presença do Divino Amigo. É como se Jesus estivesse agora também presente antecedendo o Natal que todos esperavam!
São centenas e centenas de enfermos, criaturas assinaladas pelas mais variadas formas de lesões, deformações, mutilações e cicatrizes pelo corpo.
Por entre júbilos e emoções, coração a coração, Chico dá o sorriso e o aperto de mão, o abraço e o beijo, e para cada um - parecendo que Chico conhece pessoalmente um por um - a palavra de consolo, orientação, indicação de remédio (sempre que solicitado), além da importância em dinheiro que deu a todos. Exclamações tocantes e espontâneas são ouvidas, como: Chico, a sua presença nos dá força para viver, ao que Chico retruca sempre: eu é que vim buscar forças e repete para os acompanhantes: todo ano, eu tenho que vir aqui me reabastecer; recebo, através da esperança e da conformação, da fé e das vibrações de amor que aqui me transmitem, o reforço para prosseguir na luta. E ainda: Chico, Deus lhe pague o amor que nos dá!
Dona Maria Eunice nos conta que da vez anterior (1983), houve também esta comovente declaração: Chico, graças a Deus que eu sou leproso e assim estou aqui - diz um enfermo de braços cruzados sobre o peito - recebendo este abraço e ajuda de amor de seu coração.
Certa doente, não conseguindo vencer a multidão, permanece a alguma distância do Chico. Mais tarde, este se lembra dela e confidencia para Dona Elba que sentiu o coração da enferma em vibração e deixa com a Dona Elba uma lembrança para aquela senhora.
Chico prossegue percorrendo enfermarias e pavilhões e ouve, num deles, as palavras de otimismo e de esperança e as canções cantadas, com muita vida, sentimento e arte, pelo interno Nelson Pereira, criatura (embora destituída da visão física dos dois olhos, e de uma perna, além da enfermidade) das mais populares na Colônia, por suas efusivas manifestações de alegria e entusiasmo, confiança e aceitação, a todos os que o visitam.
Agora, caminhando para o encerramento, já perto das três da tarde, demandamos para o centro Espírita Jésus Gonçalves, na Vila São, próxima de Goiânia, onde novas emoções e júbilos marcam a visita.
No recinto do Centro, momentos antes da chegada do Chico, muita expectativa e emoção. Chico, ao entrar no Centro, é tocado por nova surpresa: um coral de cerca de vinte crianças, filhos dos enfermos da Colônia, canta "Noite de Paz"; emoções e lágrimas são notadas em todos os semblantes, durante a tocante manifestação. A dirigente do Centro faz, com palavras nascidas do fundo da alma, comovente recepção a todos. A seguir, é solicitada a prece inicial a cargo de Dona Maria Eunice; a leitura evangélica "Amar ao próximo como a si mesmo" à irmã Elba; e o comentário à companheira Ondina. Chico psicografou do querido benfeitor Emmanuel a linda página "Recado de Natal". Sentida prece do confrade Cássio Ramos encerra a reunião e Chico lê a instrutiva e oportuna mensagem. Mais algumas palavras da direção do Centro que Chico, visivelmente contente e emocionado agradece, salientando o amor e o carinho ali mais uma vez recebidos, reafirmando, como sempre, que obtém forças para seu trabalho, através da lição de fé e conformação, esperança e coragem recolhidas ali de todos os corações.
Sob as mais vivas efusões de júbilo e gratidão aos céus pelas bênçãos inesquecíveis de tão edificante encontro de luz, todos se retiram, retornando Chico e os companheiros para a chácara do Prof. Múcio e Elba, onde a todos é servido o lanche e a conversação continuou oferecendo também o alimento espiritual colhido na palavra sempre edificante e esclarecedora de nosso querido médium.
Dezembro/1984
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