segunda-feira, novembro 15, 2010

NO GABINETE DO MINISTRO

Foi no gabinete do Ministro que ele ouviu esta frase: Os que
não cooperam não recebem cooperação. Foi um choque para quem tinha pretensões,
mas não detinha méritos e habituara-se a pedir apenas ou a mandar, sem acumular
folha de serviços que justificasse o pedido.


A reflexão é extraordinária. Faz pensar na lei comum da solidariedade, ppois como já afirmou o grande Francisco de Assis que é dando que se recebe. A cooperação
é sábio mecanismo que aciona estruturas de auxílio mútuo, gera correntes vibratórias de simpatia e estabelece os méritos para quem coopera também esteja amparado. Ninguém está desamparado, todavia, é coerente raciocinar que sempre haverá movimentação em favor daquele que sempre se faz presente em favor do bem
comum. É interessante pensar que entre as definições da palavra, está a
seguinte expressão: operar ou agir coletivamente, o que já oferece amplo sentido de sua importância. Afinal, a cooperação é atitude que age contrariamente ao egoísmo ou à indiferença,
trazendo a clara noção dessa disposição de agir.

A bela lição está no livro Nosso Lar, que inspirou filme com o mesmo nome e de grande sucesso de bilheteria no Brasil, em setembro de 2010. Está no capítulo 13 e foi cena no citado filme. É quando o personagem André Luiz procura o Ministro para uma consulta pessoal e é atendido junto com outra mulher. No diálogo entre a mulher e o Ministro ele ouve as lições valiosas. Ela queria ajudar os filhos, pedia intercessão em favor deles, mas não detinha qualquer mérito de trabalho que avalizasse seu pedido.

E André ouve, antes de ser atendido:

a) “(...) o trabalho e a humildade são as duas margens do caminho do auxílio. Para ajudarmos alguém, precisamos de irmãos que se façam cooperadores, amigos, protetores e servos nossos. Antes de amparar os que amamos, é indispensável estabelecer correntes de simpatia (...)”;

b) “(...) o servidor que obedece, construindo, conquista os superiores, companheiros e interessados no serviço (...)”;

c) “(...) faz-se necessária a interferência de muitos a quem tenhamos ajudado, por nossa vez. Os que não cooperam não recebem
cooperação. Isso é da lei eterna. E se minha irmã nada acumulou de seu para dar, é justo que procure a contribuição amorosa dos outros. Mas, como receber a colaboração imprescindível, se ainda não semeou, nem mesmo a simples simpatia? (...)”.

Notem os amigos a preciosidade da informação. Nem sempre conseguimos alcançar nossos propósitos agindo isoladamente. Muitas vezes precisamos da intercessão, auxílio ou interferência de alguém. Por isso é preciso ter conquistado amigos que nos abram caminhos. Para isso é preciso estabelecer correntes de simpatia, como ensina o Ministro. É a lei dasolidariedade ou da cooperação,que cria os méritos do auxílio mútuo.

É como um pai e seus três filhos. O primeiro pede uma bicicleta e o pai pede que ele escolha a cor e o modelo. Alto grau de mérito, atendimento imediato. O segundo filho pede e recebe a informação de que ele
precisa melhorar as notas na escola. Médio grau de mérito. Finalmente, o
terceiro filho com o mesmo pedido é informado negativamente e que no próximo ano se ele passar de ano com boas notas o pai vai avaliar se poderá atender o pedido. É um caso de baixo grau de mérito.
Estamos sempre a pedir isso ou aquilo, desejamos alcançar algo ou guardamos pretensões em diferentes níveis. A vida nos atende a depender de nossos méritos, embora ninguém esteja desamparado. Envolver-se com o trabalho coletivo, comprometer-se com a causa do bem, cooperar com as iniciativas do bem coletivo. Eis a chave. Muitos de nós não percebemos que é o envolvimento com o bem geral que nos garante efetiva proteção, equilíbrio e méritos para o bem que desejamos para nós mesmos e para nossos amores. Sem interesses, é claro, com a espontaneidade que deve reger nossas iniciativas. Mas como é lei, o retorno é certo...

Orson Peter Carrara

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