quinta-feira, janeiro 24, 2013

Reflexão

O filho do orgulho

Cairbar Schutel e C. Xavier.

Livro: O Espírito da Verdade - FEB



O melindre - filho do orgulho - propele a criatura a situar-se acima
do bem de todos.

É a vaidade que se contrapõe ao interesse geral.

Assim, quando o espírita se melindra, julga-se mais importante que o
espiritismo e pretende-se melhor que a própria tarefa libertadora em
que se consola e esclarece.

O melindre gera a prevenção negativa, agravando problemas e
acentuando dificuldades, ao invés de aboli-los.

Essa alergia moral demonstra má-vontade e transpira incoerência,
estabelecendo moléstias obscuras nos tecidos sutis da alma.

Evitemos tal sensibilidade de porcelana, que não tem razão de ser.

Basta ligeira observação para encontrá-la a cada passo:

- É o diretor que tem a sua proposição refugada e se sente
desprestigiado, não mais comparecendo às assembleias;

- O médium advertido construtivamente pelo condutor da sessão, quanto
à própria educação mediúnica, e que se ressente, fugindo às reuniões;

- O comentarista admoestado fraternalmente para abaixar o volume da
voz e que se amua na inutilidade;

- O colaborador do jornal que vê o artigo recusado pela redação e que
se supõe menosprezado, encerrando atividades na imprensa;

- A cooperadora da assistência social esquecida, na passagem de seu
aniversário, e se mostra ferida, caindo na indiferença;

- O servidor do templo que foi, certa vez, preterido na composição da
mesa orientadora da ação espiritual e se desgosta por sentir-se
infantilmente injuriado;

- O doador de alguns donativos cujo nome foi omitido nas citações de
agradecimento e surge magoado, esquivando-se a nova cooperação;

- O pai relembrado pela professora das aulas de moral cristã, com
respeito ao comportamento do filho, e que, por isso, se suscetibiliza,
cortando o comparecimento da criança;

- O jovem aconselhado pelo irmão amadurecido e que se descontenta,
rebelando-se contra o aviso da experiência;

- A pessoa que se sente desatendida ao procurar o companheiro de cuja
cooperação necessita, nos horários em que esse mesmo companheiro, por
sua vez, necessita de trabalhar a fim de prover a própria
subsistência;

- O amigo que não se viu satisfeito ante a conduta do colega, na
instituição, e deserta, revoltado, englobando todos os demais em
franca reprovação, incapaz de reconhecer que essa é a hora de auxílio
mais amplo.

O espírita que se nega ao concurso fraterno somente prejudica a si mesmo.

Devemos perdoar e esquecer se quisermos colaborar e servir.

A rigor, sob as bênçãos da doutrina espírita, quem pode dizer que ajuda alguém?

Somos sempre auxiliados.

Ninguém vai a um templo doutrinário para dar, primeiramente.

Todos nós aí comparecemos para receber antes de mais nada, sejam quais
forem as circunstâncias.

Fujamos à condição de sensitivas humanas, convictos de que a honra
reside na tranquilidade da consciência, sustentada pelo dever
cumprido.

Com a humildade não há o melindre que piora aquele que o sente, sem
melhorar a ninguém.

Cabe-nos ouvir a consciência e segui-la, recordando que a
suscetibilidade de alguém sempre surgirá no caminho, alguém que
precisa de nossas preces, conquanto curtas ou aparentemente
desnecessárias.

E para terminar, meu irmão, imagine se um dia Jesus se melindrasse com
os nossos incessantes desacertos...

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